sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Parque Natural da Serra da Estrela

A Flora

   A Flora e a Vegetação do PNSE apresentam características  únicas em Portugal, que se traduzem, por um lado, na existência de cinco espécies, duas subespécies e sete formas e variedades estritamente endémicas da Serra da Estrela (SILVA & TELES, 1986) e por outro, numa zonação altitudinal muito característica, que é fruto da elevada altitude da Serra.
Em termos de conservação, no que diz respeito à flora, encontram-se no Parque nove espécies de plantas incluídas no anexo II, cinco espécies incluídas no anexo IV e 23 espécies incluídas no anexo V da Directiva 92/43/CEE (“Directiva Habitats”) (JANSEN, 1997).
No que se refere à zonação altitudinal, segundo SILVA & TELES (1986), a vegetação da Serra da Estrela encontra-se diferenciada em três andares, cujos limites podem oscilar, sensivelmente, de acordo com o local considerado: andar basal (até 800-900 metros), andar intermédio (de 800 a 1600 metros) e andar superior (acima dos 1600 metros).
O andar basal, de acentuada influência mediterrânica, está sujeito a um aproveitamento cultural intenso por parte das populações, pelo que a vegetação natural é praticamente inexistente. Contudo, subsistem ainda alguns vestígios da vegetação natural: os azinhais e as comunidades de azereiro.Nos vários tipos de aproveitamento agrícola existentes no andar inferior salientam-se a cultura do milho, da vinha e da oliveira. O aproveitamento florestal baseia-se principalmente na plantação de pinheiro-bravo (Pinus pinaster), que atinge, em vários locais, o andar intermédio.
O andar intermédio corresponde ao domínio climácico do carvalho-negral (Quercus pyrenaica). Os principais tipos de vegetação natural e seminatural que se encontram neste andar são os carvalhais, os castinçais e matos de vários tipos.Nas zonas onde o coberto arbóreo se apresenta degradado encontram-se os matos. Os principais são os giestais de Cytisus multiflorus (giesteira-brava), em que também ocorre o rosmaninho (Lavandula stoechas ssp. sampaioana), os urgeirais de Erica australis ssp. aragonensis (urgeira), que se associa ao zimbro (Juniperus communis ssp. alpina) e os piornais de Genista florida ssp. polygaliphylla (piorno-dos-tintureiros), associado à giesteira-das-serras (Cytisus striatus).
O andar superior corresponde, na actualidade, ao domínio do zimbro (Juniperus communis ssp. alpina). É admitido que, no passado, o pinheiro-silvestre (Pinus sylvestris), o vidoeiro (Betula pubescens) e o teixo (Taxus baccata) tenham ocupado a parte superior da Serra, após o recuo dos glaciares wurmianos. Em resultado da desflorestação e, possivelmente, por influência de alterações climáticas posteriores, esta área encontra-se totalmente desprovida do coberto arbóreo primitivo. Actualmente, a vegetação da parte superior da Serra é constituída por um mosaico que inclui zimbrais, cervunais, arrelvados, comunidades rupícolas e comunidades lacustres.





quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Parque Natural da Ria Formosa

A Flora

As condições de formação e a dinâmica geomorfológica das dunas revelam que estas são estruturas instáveis. A proximidade do mar actua como factor fortemente selectivo na instalação e crescimento da sua vegetação. Aparentemente simples, este meio é, na realidade, deveras complexo e precário. Não é por acaso que, no lado virado ao mar, se observa tão grande pobreza florística: as plantas costeiras estão sujeitas a ventos fortes carregados de partículas de sal, a luminosidades excessivas, a amplitudes térmicas que vão do sol escaldante do verão ao frio cortante do inverno. Isto provoca apreciável transpiração na planta, o que, conjugado com a grande permeabilidade do solo dunar, que deixa infiltrar rapidamente a água que nele cai, irremediavelmente a condena a um ambiente hostil de xerofitismo, ou seja, a um ambiente em que prevalecem as condições de secura. A esta é preciso resistir, para sobreviver. E, na verdade, as plantas psamófitas, que vivem nas areias, sobrevivem porque desenvolveram adaptações mais ou menos profundas que impedem sobretudo as perdas excessivas de água. Todavia, não é só contra a dessecação que a planta luta; ela tem também que fazer frente ao soterramento, quando os ventos fortes ou constantes, vindos do mar, empurram as areias da praia para o interior.
A primeira duna que se nos depara, chamada anteduna ou duna avançada, relativamente baixa e bastante instável, mostra, na parte virada ao mar e quase ao limite superior das marés, uma associação de Cakile maritima Scop. e Salsola kali L.; já mais para o topo, Elymus farctus (Viv.) RUNEMARCK EX MELDERIS e, por vezes, Euphorbia paralias L. e E. peplis L. A vegetação nesta estreita faixa está muito espaçada e o vento movimenta facilmente as areias, que arrasta para o interior; não obstante a curta distância transposta, o novo local onde elas se depositam é mais acolhedor, sofre menos severamente os efeitos do vento e a aragem chega lá menos salgada. Criam-se condições, se não favoráveis, pelo menos mais favoráveis para a fixação de outras plantas; por sua vez, estas vão, por modos diversos, reter mais areias. Juntamente com Elymus farctus surge agora a outra grande edificadora de dunas e pioneira na sua colonização: Ammophila arenaria (L.), vulgarmente chamada estorno.

Atingido o topo podem encontrar-se Calystegia soldanella (L.) R. BR., cujas sementes, bastante pesadas, se enterram facilmente, desta forma compensando factores adversos à sobrevivência da espécie, Lotus creticus L., Eryngium maritimum L., Crucianella maiítima L. Pancratium maritimum L., a par com Ammophila arenaria que, aliás, cresce um pouco por todo o lado, em povoamentos mais ou menos densos, conforme a área em que se estabeleceu.
Na face interior desta duna e no interdunar que se lhe segue, em terreno já definitivamente fixado, ao lado de algumas das espécies já citadas outras se vêm juntar à lista de psamófitas: Helichrysum italicum (ROTH) G. DON FIL., Pseudorlaya pumila (L.) GRANDE, Thymus carnosus BOISS., Armeria pungens (LINK) HOFFMANNS. & LINK, Artemisia campestris L. subsp. maritima ARCANGELI, Anthemis maritima L., Corynephorus canescens (L.), BEAUV., Linaria lamarckii ROUY e L. pedunculata (L.) CHAZ., Reichardia gaditana (WILLK.) COUT. ou Silene nicaeensis ALL., isto para mencionar apenas as mais abundantes ou conspícuas. Não será demais salientar que Thymus carnosus é um endemismo português, quer dizer, esta planta existe exclusivamente em Portugal e, aqui, somente no Alentejo, e Algarve. É aquele pequeno tufo verde escuro, de porte amoitado, que, mais do que qualquer outra planta das dunas, quando esmagado deixa à sua volta um intenso e agradável perfume um tanto semelhante ao da lavanda.
As areias fixadas do interdunar oferecem boas condições para o crescimento de prostradas, de sistema radicular bastante curto, folhas em regra pequenas, que se espalham em amplas manchas arredondadas. São exemplos Paronychia argentea LAM., Ononis variegata L., Medicago littoralis LOISEL., Polygonum maritimum L. ou Hypecoum procumbens L., outra espécie que ocorre apenas no Algarve. No limite para o sub-bosque salientam-se Anagallis monelli L., bonita prostrada de flores intensamente azuis, Linaria spartea (L.) WILLD., Scrophularia frutescens L., Cleome violacea L., Corrigiola littoralis L., Aetheorhiza bulbosa (L.) CASS. e Pycnocomon rutifolium (VAHL) HOFFMANNS. & LINK, esta também confinada ao Algarve e alguns poucos mais locais da Europa mediterrânica.





A Fauna

Muitas espécies de aves aquáticas migratórias, provenientes do Norte da Europa passam aqui o Inverno ou utilizam a Ria como ponto de escala na sua rota rumo a zonas mais meridionais. De entre as espécies invernantes mais relevantes podem destacar-se anatídeos como o Pato-real (Anas platyrhynchos), a Piadeira (Anas penelope), o Pato-trombeteiro (Anas clypeata), o Marrequinho-comum (Anas crecca) e o Zarro-comum (Aythya ferina) e das limícolas destacam-se o Borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus), o Borrelho-grande-de-coleira (Charadrius hiaticula), a Tarambola-cinzenta (Pluvialis squatarola), o Fuselo (Limosa lapponica), o Maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa), o Maçarico-real (Numenius arquata), o Alfaiate (Recurvirostra avosetta), o Perna-longa (Himantopus himantopus), o Pilrito-pequeno (Calidris minuta) e o Pilrito-comum (Calidris alpina).
Merece destaque a Galinha-sultana (Porphyrio porphyrio), espécie emblemática do Parque, que devido à crescente protecção e estudo desta espécie, os efectivos populacionais têm aumentado nos últimos anos.
Merecem também destaque a colónia de Garça-branca-pequena Egretta garzetta, tendo o Colhereiro Platalea leucorodia também nidificado em alguns anos; e as populações de Cegonha-branca Ciconia ciconia. A população de Andorinha-do-mar-anã Sterna albifrons, uma espécie em declínio na Europa, nidifica nas dunas e salinas da Ria Formosa, representa 40% dos efectivos totais populacionais de Portugal.
Aves de rapina são pouco frequentes, mas durante as épocas de migração e no Inverno encontram-se a caçar por toda a área, Tartaranhões como o Tartaranhão-azulado Circus cyaneus e o Tartaranhão-caçador Circus pygargus; a Águia-de-asa-redonda Buteo buteo e vários Falcões como Falcão-peregrino Falco peregrinus e o Peneireiro-vulgar Falco tinnunculus. Assim como algumas rapinas nocturnas a Coruja-do-Nabal Asio flammeus, a Coruja-das-torres Tyto alba e a Coruja-do-mato Strix aluco.
É de salientar a importância da Ria no ciclo de vida de numerosas espécies de peixes, moluscos e crustáceos, principalmente como zona de reprodução e alimentação. As comunidades bênticas, com composição variando desde as espécies nitidamente marinhas a outras próprias do sistema lagunar, apresentam populações extremamente numerosas e, algumas das quais de interesse económico, caso da Amêijoa-boa Ruditapes decussatus, do Berbigão Cerastoderma edule e do Lingueirão Ensis siliqua. Da ictiofauna estão identificadas 65 espécies, que se dividem em sedentárias, ocasionais e as migradoras-colonizadoras; de entre estas, as de maior interesse económico contam-se a Dourada Sparus aurata, o Sargo Diplodus sargus, o Robalo Dicentratus labrax, o Linguado Solea senegalensis e a Enguia Anguilla anguilla.
Nos répteis há que salientar a ocorrência do Camaleão Chamaeleo chamaeleon, espécie ameaçado de extinção e cuja distribuição em Portugal está confinada ao litoral Sotavento do Algarve, nos pinhais da orla continental e nas ilhas-barreira.
Dos mamíferos existentes pode-se destacar a Lontra Lutra lutra, o Sacarabos Herpestes ichneumon, a Geneta Genetta genetta, a Fuinha Martes foina, o Texugo Meles meles e a Raposa Vulpes vulpes.

 

Parque Natural do Vale do Guadiana

A Flora


As características peculiares dos cursos de água desta bacia hidrográfica permitiram a formação de unidades florísticas únicas, muitas delas incluídas em directivas comunitárias de protecção da natureza. Entre as raridades e espécies ameaçadas da flora há a destacar o trevo-de-quatro-folhas-peludo que ocorre nas áreas ribeirinhas.A vegetação que ladeia os cursos de água é diversificada, sendo as espécies mais características, o loendro, a tamargueira e o tamujo. A flora da área do Parque Natural é também bastante rica em plantas aromáticas e medicinais, como o rosmaninho, alecrim, erva-ursa, murta, mariola, montraste e poejo.



A Fauna

Peixes
Motivo de atracção dos povos que passaram por Mértola, o rio apresenta uma fauna piscícola extremamente variada. O rio Guadiana e seus afluentes apresentam uma fauna piscícola extremamente variada, existindo 16 espécies de peixes dulçaquicolas autóctones e migradores, dos quais dez são endemismos ibéricos, estando, em Portugal, quatro restringidos à bacia hidrográfica do Guadiana. É o caso do saramugo, da boga do Guadiana, do barbo-de-cabeça-pequena e do caboz-de-água-doce.




Anfíbios
Dentro do grupo dos anfíbios, das 17 espécies que ocorrem em Portugal, pelo menos 13 podem aqui ser observadas, destacando-se pela sua raridade e/ou importância das populações rã-de-focinho-pontiagudo, o sapo-parteiro-ibérico e o tritão-de-ventre-laranja.
Nas primeiras chuvas após o verão, podem-se observar grandes quantidades de anfíbios, nas suas migrações para os locais de reprodução, que muitas vezes correspondem a “charcos temporários”.



Répteis
No grupo dos répteis, estão referenciadas pelo menos 20 espécies, sendo de evidenciar a cobra-de-pernas-pentadáctila, espécie rara e que se restringe à Península Ibérica e a cobra-de-água-de-colar, de hábitos crepusculares e ainda pouco conhecida.
Na região pode-se ainda observar duas espécies de cágados, uma delas bastante raras num contexto nacional – o cágado-de-carapaça-estriada. De registar ainda a ocorrência de uma espécie de osga invulgar, a osga-turca.


Aves
A avifauna constitui um dos grupos mais visíveis do Parque Natural. As aves de presa criam nas escarpas que ladeiam as margens dos cursos de água, como é o caso da águia de Bonelli, da águia-real e do bufo-real, a maior espécie de mocho da Europa. Neste tipo de habitat ocorre também a cegonha-preta que, ao contrário da sua parente branca, tem hábitos secretivos, procurando sempre as zonas menos perturbadas para criar.
Na vila de Mértola ocorre a última colónia urbana e uma das mais importantes a nível nacional, de uma espécie bastante rara e ameaçada – o francelho-das-torres.
Nas zonas de planície, onde se desenvolve a actividade agro-pastorícia em sistema extensivo e de rotações longas de 4 a 5 anos, é ainda possível encontrar aves de estepe como é o caso da abetarda, do sisão, do cortiçol-de-barriga-negra, da calhandra-real ou do alcaravão.


Mamíferos
Até à data estão inventariados para a área de intervenção 35 espécies de mamíferos. Destacam-se, pelo seu estatuto de conservação a lontra, o gato bravo, várias espécies de morcegos e o leirão. Existem ainda condições para promover a ocorrência de lince-ibérico ou permitir a sua reintrodução a médio/longo prazo, num programa integrado com as áreas dos sítios de interesse comunitário circundantes.
O gato-bravo apresenta, actualmente uma distribuição muito localizada e restringida à região centro-oeste da área protegida apresentando um nível de abundância directamente associado à presença de núcleos relativamente estáveis de coelho, com a densidade de orlas de matos e matagais e com a ausência de factores de perturbação antrópicos.  
Dentro do grupo dos morcegos, destacam-se o morcego-de-ferradura-mediterrânico, morcego-de-ferradura-mourisco, morcego-de-peluche, morcego-rato-grande, morcego-de-ferradura-grande, morcego-de-ferradura-pequena. Estes morcegos habitam em fendas rochosas ou em antigas cavidades mineiras. 


Entre os outros peixes migradores, ainda se pode encontrar a lampreia e a saboga, enquanto que o sável está em perigo de extinção. Todos estes aspectos contribuem para que a bacia hidrográfica do Guadiana seja considerada a mais importante em Portugal para a conservação da ictiofauna de águas interiores.


Invertebrados
Sendo o grupo com maior número de espécies de todo o planeta, não é de estranhar a presença de elevada diversidade neste Parque Natural, sobretudo para espécies ainda não descritas. Apenas como introdução a este vasto grupo de realçar as espécies de amêijoas de água-doce, aranhas e filópodes.
Sítio com grande diversidade de espécies de bivalves, quatro espécies nativas de bivalves: almeijão-comum, mexilhão-de-rio-negro, mexilhão-de-rio-comum e mexilhão-de-rio, e ainda a espécie exótica amêijoa-asiática. O mexilhão-de-rio é a única espécie protegida, está incluída no Anexo II da Directiva Habitats, no entanto, todas as restantes espécies nativas estão ameaçadas principalmente devido à perda e/ou fragmentação de habita.
De momento são já conhecidas cerca de 300 espécies de aranhas apenas na área do Parque Natural. Uma grande parte destas espécies é endémica da Península Ibérica,  incluindo dois endemismos recentemente descritos cuja distribuição a nível mundial está restringida a esta área protegida: Amphiledorus ungoliantae e Zodarion guadianense. Mais de uma dezenade novas espécies para a ciência aguarda no entanto descrição.
O conjunto de charcos temporários estudados no Parque Natural é particularmente rico em espécies de filópodes, entre as quais encontram-se por exemplo Triops cancriformis, Streptocephalus torvicornis ou Cyzicus grubei. De destacar duas espécies de anostraca, ambas não descritas: Tanymastix sp. que para além da zona de Mértola, foi descoberta numa área restrita do interior do Algarve; e Tanymastigites, este género foi apenas referenciado para o norte de África a para a península da Arábia.

Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina

A Flora



A flora do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina distribui-se por três tipos de ambientes geomorfológicos:

• barrocal ocidental, no planalto vicentino a sul, com vegetação típica de solos calcários, uma zona de clima seco e quente;
• planalto litoral, com vegetação mais diversificada, nas dunas, charnecas e áreas alagadiças, uma zona fresca e húmida;
• serras litorais e barrancos, com densa vegetação arbórea e arbustiva típica das zonas húmidas das ribeiras.
Ao longo do Parque ocorre uma mistura de vegetação mediterrânica, atlântica e norte-africana, com predominância para a primeira. Existem cerca de 750 espécies, das quais mais de 100 são endémicas, raras ou localizadas; 12 não existem em mais nenhum local do mundo. Na área do parque encontram-se espécies consideradas vulneráveis em Portugal, assim como também diversas espécies protegidas na Europa.
Entre os endemismos há, por exemplo, plantas como Biscutella vicentina, Centaurea vicentina, Cistus palhinhae, Diplotaxis vicentina, Hyacinthoides vicentina, Plantago almogravensis, Scilla vicentina. Outras espécies são consideradas raras, como a Myrica faya (samouco), a Sorbus domestica (sorveira) ou a Silene rothmaleri.

A actividade agrícola, na parte norte do Parque Natural, zona do perímetro de rega do Mira, é intensiva contribuindo para a ameaça de muitas das espécies de flora. Esta mesma actividade agrícola já provocou a extinção de plantas como a
Armeria arcuata.As espécies arbóreas naturais na área do parque são dominadas por quercíneas, como o Quercus suber (sobreiro), o Quercus faginea (carvalho-cerquinho) e o Arbutus unedo L. (medronheiro), existentes fundamentalmente nas encostas dos barrancos.

As espécies arbóreas não indígenas são, dominantemente, o Pinus pinaster (pinheiro-bravo) e o Eucaliptus globulus (eucalipto).



A Fauna

A fauna das arribas
É no domínio da avifauna que as arribas marítimas assumem importância particular pelo elevado número de espécies que aí procriam. Podemos aí destacar o Guincho ou Águia-pesqueira (Pandion halietus) que utiliza esta costa rochosa como local de nidificação. Sendo uma ave de rapina que possui uma alimentação especializada em peixes, tem a característica de ter as patas cobertas com escamas rugosas. A sua plumagem oleosa permite-lhe ter um grau de impermeabilização importante para os seus mergulhos.

A Águia-de-Bonelli (Hieraaetus fasciatus) é outra espécie que utilizava as arribas marítimas da costa como local de nidificação. A elevada perturbação provocada pelos pescadores à linha durante o fim do inverno e primavera tem impedido a reocupação dos locais de onde desapareceu recentemente.
Outra ave residente que utiliza as concavidades das arribas e ninhos antigos de outras espécies para nidificar é o Falcão peregrino (Falco peregrinus). É uma ave grande e robusta que é possível observar junto às escarpas , cujo voo atinge velocidades de trezentos e sessenta quilómetros por hora quando pica sobre uma presa.

Podemos encontrar muitas outras aves residentes nas arribas marítimas entre as quais o Peneireiro-comum (Falco tinnunculus) que se distingue pelo seu comportamento em vôo em que permanece no mesmo local batendo as asas rapidamente antes de picar sobre as suas presas, e também o Peneireiro-das-torres ou Francelho (Falco naumanni) que nidifica em colónias nas arribas.
Os corvídeos, como a Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax), a Gralha-de-nuca-cinzenta (Corvus monedula).  O Corvo-marinho-de-crista (Phalacrocorax aristotelis) que se distingue no seu vôo com o pescoço esticado e um rápido batimento de asas.

Uma das espécies mais comuns nesta costa de arribas marítimas é a Cegonha-branca (Ciconia ciconia). Normalmente, nidificam em árvores ou prédios velhos, mesmo em postes de electricidade mas – em situação única no mundo – é aqui que encontrarmos os seus ninhos alcandorados num aparente equilíbrio periclitante. No entanto, estão bem seguros e firmes, sobre as arribas marítimas ou em rochedos junto à costa: os palheirões. A explicação foi a inexistência local até algumas décadas atrás de construções ou árvores altas que oferecessem abrigo face aos predadores. Só os palheirões – verdadeiras ilhotas isoladas no meio do mar – ofereciam a segurança necessária para a criação de uma prole.



Aves migratóriasNão será demais assinalar o magnífico espectáculo a que podemos assistir todos os anos, no início do Outono, junto ao cabo de S. Vicente. A chegada pela aurora de milhares de aves migradoras (passeriformes) recortadas no céu, vindas dos confins do Norte da Europa e que daqui partem feita noite estrelada,  fazendo-se aos céus mar dentro, rumo às longínquas terras do Sul, de África. Elas são, entre tantas outras, o pisco-de-peito-azul (Luscinia svecica), o papa-moscas-preto (Ficedula hypoleuca) e o papa-amoras-comum (Sylvia communis).  Mas também podemos encontrar aves marinhas e costeiras, em trânsito migratório como o alcatraz (Sula bassana) e a andorinha-do-mar (Sterna hirundo) ou aves de rapina como a águia-calçada (Hieraaetus pennatus) que contráriamente aos passeriformes são migradores diurnos e, esporadicamente, mesmo o falcão-da-rainha (Falco eleonorae) ou o búteo-mouro (Buteo rufinus).


Fauna terrestre
De destacar, ainda, quanto à fauna terrestre, a lontra (Lutra lutra) que se abriga nas arribas marítimas e barrancos adjacentes e, caso raro na Europa, utiliza o meio marinho para realizar as suas pescarias.
Encontramos nesta costa e nas suas áreas limítrofes muitas outras espécies da fauna terrestre, entre os quais os texugos (Meles meles), os sacarrabos ( Herpestes ichneumon ), as fuínhas (Martes foina ).

Parque Natural de Sintra-Cascais

A Flora

Grande parte da vegetação natural actual é constituída por comunidades que substituíram a floresta pós-glaciações que teria como dominante o carvalho-cerquinho Quercus faginea



Espécies de Conservação Prioritária / Valor Florístico
• O feto-de-folha-de-hera Asplenium hemionitis, o trovisco-nortenho Daphne laureola e o miosótis-das-praias Omphalodes kuzinskyanae espécies em Perigo de Extinção ou em Perigo Crítico de Extinção em território continental, correspondendo as áreas onde ocorrem populações destas espécies a Áreas de Valor Florístico Excepcional.

 


• O cravo-romano Armeria pseudarmeria, o rapôntico-da-terra Centaurea africana, a Coyncia cintrana, a cravina-brava Dianthus cintranus subsp. cintranus, a Herniaria maritima, as assembleias-bravas Iberis procumbens subsp. microcarpa, o lírio-amarelo-dos-montes  Iris lusitanica, o Juncus valvatus, o Limonium dodartii, o feto-do-botão Woodwardia radicans, a Pinguicola lusitanica, o tomilho-peludoThymus villosus, o samouco Myrica faia, espécies cujas populações em território continental apresentam um estatuto de ameaça inferior a “Em Perigo”. Os locais da sua ocorrência são considerados Áreas de Valor Florístico Muito Elevado.


•A cravinha Silene longicilia, a cocleária-menor Ionopsidium acaule, o verbasco-de-flores-grossas Verbascum litigiosum, espécies endémicas do continente, incluídas no Anexo II da Directiva 92/43/CEE, razão pela qual o Estado Português está obrigado à conservação das populações existentes no Sítio Natura 2000 de Sintra/Cascais e o azevinho Ilex aquifolium, (protegido pelo Decreto-Lei n.º 423/1989, de 4 de Dezembro – D.R., Iª série, n.º 278, pág. 5291). Os locais da sua ocorrência são considerados Áreas de Valor Florístico Elevado



A Fauna

Uma grande diversidade de habitats, alguns escassos no contexto nacional, permitem ainda grande diversidade faunística, embora nem sempre facilmente observável. 
São mais de 200 as espécies de vertebrados já identificadas: 33 de mamíferos, mais de 160 de aves, 12 de anfíbios, 20 de répteis e 9 de peixes de água doce.


A fauna ameaçada

Ao registo de animais já extintos do Parque, o urso Ursus arctos, o veado Cervus elaphus, a lebre Lepus capensis ou o lobo Canis lupus, outros sem qualquer registo de observação nos últimos anos como a lontra Lutra lutra, o gato-bravo Felis silvestris ou o sapo-de-unha-preta Pelobates cultripes, juntam-se espécies actualmente raras e ameaçadas cuja conservação é prioritária, caso do morcego-de-ferradura-mediterrânico Rhinolophus euryale e do toirão Mustela putorius.

A comunidade de mamíferos é das mais afectadas e de entre as espécies ameaçadas no PNSC sete são morcegos. Destaque ainda para uma população isolada de musaranho-de-dentes-vermelhos Sorex granarius e para algumas espécies, não ameaçadas, como o ouriço-cacheiro Erinaceus europaeus e quase duas dezenas de roedores e carnívoros, entre eles a raposa Vulpes vulpes, a doninha Mustela nivalis e a geneta Genetta genetta
Das aves 67 são nidificantes e 23 apresentam estatuto de ameaça em Portugal. O território do PNSC apresenta relevo para a conservação de 9 destas espécies: rola-comum Streptopelia turtur, andorinhão-real Apus melba, pica-pau-malhado-pequeno Dendrocopos minor, gavião da Europa Accipiter nisus, águia de Bonelli Hieraaetus fasciatus, falcão-peregrino Falco peregrinus, bufo-real Bubo bubo, tartaranhão-azulado Circus cyaneus, ferreirinha-alpina Prunella collaris, e corvo-marinho-de-crista Phalacrocorax aristotelis.




Parque Natural da Serra de S. Mamede

A Flora

Devido à sua localização geográfica (centro e interior do país) e á presença da serra que irrompe subitamente destacando-se da planície alentejana, o Parque Natural apresenta um conjunto de características geológicas e por consequência edáficas e climáticas, que lhe conferem um carácter peculiar e que se reflectem na flora, coberto vegetal e na fauna. Assim, os factores naturais, bem como a ancestral e contínua presença da acção antropogénica que tem vindo a exercer significativas modificações, contribuíram em sinergia para uma notável diversidade das espécies e comunidades naturais e semi-naturais.

Encontramos uma diversidade florística (cerca de 800 espécies) que encontraram condições ideais para o seu crescimento e desenvolvimento, apresentando características de índole centro-europeia e mediterrânea e características de índole atlãntica.

As áreas com coberto arbóreo de sobreiro (Quercus suber) são predominantes, estando ainda bem representado o coberto de carvalho negral (Quercus pyrenaica). A azinheira (Quercus rotundifolia), que ocupava uma vasta área nas orlas da serra, ocorre pontualmente na serra, encontrando-se restringida a locais em que as condições edafo-xerófitas o permitem.

Podem ainda identificar-se outros habitats como os matos arborescentes, matos de leguminosas áfilas, brejos e estevais, vegetação ripícula (por vezes em excelente estado de conservação), meios húmidos e herbáceas anuais e vivazes, vegetação rupícula nos frequentes afloramentos rochosos (graníticos, quartzíticos), manchas semi-naturais e explorações abandonadas, zonas de diversas antroponénicas (como olivais, castinçais e soutos, pastagens, pinhais, eucaliptais, etc). De salientar também a presença de habitats de carácter reliquial e residual, nomeadamente pequenas turfeiras meridionais, que ocupam pequenos espaços em plataformas húmidas, fundos de vales e orlas de cursos de água em gargantas.

Quanto às zonas cultivadas, enquanto nas encostas a sul predominam as culturas de carácter mediterrâneo como o olival, vinha e figeiral, entre outras, nas encostas expostas a norte e em zonas de altitude cultiva-se a cerejeira, o castanheiro (são frequentes os castinçais entre os 500 e 700 metros), a aveleira e a nogueira.

As zonas artificializadas compreendem: uma enorme área de pinhal (Pinus pinaster) que ocupa a maior parte do maciço central da serra; eucaliptal, bastante fragmentado e não ultrapassando as maiores os 350 ha.

Ocupando pequenos espaços em plataformas húmidas, fundos de vales e orlas de cursos de água em gargantas, há ainda pequenas turfeiras meridionais com Sphagnum auricolata e conjuntos de espécies.

Destacam-se algumas espécies silvestres, sendo algumas raras, como o Lamium bifidum e o Trisetum scabrisculum, e algumas curiosas, como a erva pinheira orvalhada.

Nalguns vales existe uma boa integração entre as culturas agrícolas e os espaços naturais, adquirindo a pisagem um carácter harmonioso e com valor paisagístico.



A Fauna

Toda a variedade de biótopos associados aos diversos tipos de habitat, proporciona uma grande riqueza faunística.

A área do Parque é de grande importância a nível ornitológico, tanto no território nacional como da Península Ibérica, fazendo parte da rota migratória de muitas espécies de aves entre a Europa e a África. Foram inventariadas pelo Atlas das Aves do PNSSM cerca de 150 espécies em que 40 nidificam no Parque, das quais podemos destacar com estatuto de conservação na natureza, como é o caso da Águia-de-Bonelli (Hieraaetus fasciatus), ave de rapina de grandes dimenções; do Grifo (Gyps fulvus) com nidificação confirmada junto à fromteira; do Abutre-preto (Aegypius monachus), que embora não nidifique ocorre na região com alguma frequência por encontrar os biótopos de alimentação adequados; do Rabirruivo-de-testa-branca(Phoenicurus phoenicurus); do Chasco-preto (Oenanthe leucura), espécies que apresentam uma população reduzida em Portugal; e do Milhafre (Milvus migrans), outra espécie reduzida em Portugal e que continua sujeita à perseguição directa do homem.

Presentes ainda, a Cegonha-preta (Ciconia nigra), bem como muitos outros passeriformes.

Quanto à mamofauna temos a presença de espécies como, a Lontra (Lutra lutra), que tem estatuto de ameaça por ser uma população que se encontra em declínio na Europa. No entanto dadas as condições apresentadas pelos ambientes dulciaquicolas, encontra aqui os requisitos necessários a um desenvolvimento saudável. Existem também espécies como o Rato de Cabrera (Microtus cabrerae), espécie ameaçada classificada com o estatuto de "Rara" habitando.




Quanto aos mamíferos mais comuns temos, o Texugo (Meles meles), o Toirão (Mustela putorius), a Doninha (Mustela nivalis), o Sacarrabos (Herpestres ichneumen), a Geneta (Genetta genetta), o Gato bravo (Felis silvestris), a Raposa (Vulpes vulpes) e o Coelho-bravo (Oryctolalus cuniculus).

Na antiga mina de chumbo da Cova da Moura, bem como em grutas calcárias, encontram-se importantes colónias de quirópteros (morcegos) sendo aquela considerada uma das mais importantes da Europa.

Existem ainda nesta área a presença de númerosos anfíbios e répteis. Na verdade, esta é a zona do país com maior número de espécies destes grupo animais. Com efeito, das 17 espécies de anfíbios da fauna portuguesa, nada mais nada menos de 14 podem ser encontradas na região. No que respeita aos répteis, na zona de S. Mamede encontram-se 20 das 27 espécies da herpetofauna continental portuguesa.

De entre os anfíbios e os répteis se destacam, o Lagarto-de-água (Lacerta Shreiberi), o Sapo-parteiro-ibérico (Alytes cisternasii) e o Tritão-de-ventre-laranja (Triturus boscai) por serem endemísmos ibéricos. O Parque constitui ainda um território relevante para duas espécies de cágados (Emys orbicularis e Mauremys caspica) que se encontram ameaçados em toda a sua área de distribuição, devido à destruição do seu habitat e às capturas para fins comerciais.

Parque Natural do Tejo Internacional

A Flora

Numa paisagem de cariz dominantemente mediterrânico, salientam-se no coberto vegetal a azinheira Quercus rotundifolia, o sobreiro Quercus suber e o carrasco Quercus coccifera; o lentisco Phillyrea angustifolia e o aderno-de-folhas-largas Phillyrea latifolia; o medronheiro Arbutus unedo e várias urzes Erica spp.; a esteva Cistus ladanifer e o zambujeiro Olea europaea var. sylvestris; o aderno Rhamnus alaternus e o espinheiro-preto Rhamnus lycioides subsp. oleoides; a aroeira Pistacia lentiscus e a cornalheira Pistacia terebinthus; o alecrim Rosmarinus officinalis e o rosmaninho Lavandula stoechas subsp. sampaiana.


Neste território foram identificados até à data 610 taxa distribuídos por 92 famílias botânicas, salientando-se desta fitodiversidade as 51 espécies endémicas detectadas. Merecem particular destaque Anthyllis lusitanica e Campanula transtagana cuja área de distribuição de restringe ao centro e sul de Portugal Continental;

Anthyllis lotoides, bocas-de-lobo Antirrhinum graniticum, labrêsto-de-flor-amarela Brassica barrelieri, Bufonia macropetala, lavapé Centaurea ornata, giesta-branca Cytisus multiflorus, giesta-amarela Cytisus striatus, cravinas-bravas Dianthus lusitanus, salva-brava Phlomis lychnitis, Silene scabriflora, rosmaninho Lavandula stoechas subsp. luisieri.

Evidencia-se, igualmente, a presença de Salix eleagnos – dado ser uma espécie muito pouco frequente na subprovíncia luso-extremadurense – e de Andryala ragusina – planta endémica da Península Ibérica com estatuto de rara.
Para além de Anthyllis lusitanica encontram-se ainda listados no Anexo B-V do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, republicado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro, (transposição para a ordem jurídica nacional da Directiva 92/43/CEE vulgo Directiva Habitats), a gilbardeira Ruscus aculeatus, as campainhas-amarelas Narcissus bulbocodium e o lírio-amarelo-dos-montes Iris lusitanica; no Anexo B-IV Narcissus triandrus e no Anexo B-II Juncus valvatus.



A Fauna




O Parque Natural do Tejo Internacional alberga um importante cortejo faunístico incluindo mais de duzentas espécies de vertebrados. Dentre estas últimas, onze são consideradas “em perigo”, treze “vulneráveis” e outras tantas “raras”. Entre os mamíferos, presença da lontra Lutra lutra, do gato-bravo Felis silvestris e do toirão Mustela putoris. Avifauna numerosa com destaque para a ocorrência de espécies com estatuto de “em perigo” como a cegonha-preta Ciconia nigra, o abutre-preto Aegypius monachus e a águia-real Aquila chrysaetos. Presença de alguns peixes com o estatuto de “raro” como a boga-de-boca-arqueada Chondrostoma lemmingi e com o estatuto de “comercialmente ameaçado” como a enguia Anguilla anguilla.

A cegonha-preta Ciconia nigra

Trata-se de uma espécie ameaçada, de distribuição muito localizada em Portugal Continental. Constrói os seus ninhos em escarpas e árvores de grande porte, normalmente em zonas inóspitas. Frequenta as zonas mais áridas e isoladas do interior, como é o caso do vale do Tejo e de alguns dos seus afluentes. Espécie nidificante, permanece em Portugal entre Fevereiro e Setembro.



O grifo Gyps fulvus

A maior parte da população de grifo existente no nosso país encontra-se hoje em dia limitada aos vales alcantilados do Douro e Tejo internacionais e seus afluentes. No Parque Natural do Tejo Internacional, esta ave pode observar-se ao longo dos rios Tejo e Erges, sobretudo em Segura e Salvaterra do Extremo (ver percursos pedestres).



O abutre do Egipto Neophron percnopterus

Esta espécie frequenta zonas pouco povoadas do interior e pouco arborizadas, nidificando nos vales alcantilados e quentes, preferindo a existência de terrenos de caça abertos e de fragas com fendas, onde constrói os ninhos. A sua população, a exemplo dos restantes países europeus onde nidifica, parece estar em declínio. A sua presença no Tejo Internacional verifica-se a partir de Fevereiro.



A águia-real Aquila chrysaetos

Esta é uma espécie “em perigo” que necessita de grandes territórios de caça, com escassa presença humana e com locais escarpados para nidificar que, no caso desta Área Protegida, são as escarpas das encostas do rio Tejo e seus afluentes.

 


A águia de Bonelli Hiearatus fasciatus

À semelhança do que sucede noutros países, a população portuguesa desta espécie encontra-se em declínio. Esta ave prefere zonas escassamente habitadas, com alguns espaços abertos, que utiliza como território de caça. Constrói ninhos em escarpas, quer nos vales encaixados dos rios, quer em grandes árvores em zonas inóspitas.

Parque Natural das serras de Aire e Candeeiros

A Flora

A área do PNSAC localiza-se, quase na totalidade, na zona edafoclimática calcomediterrânica. Das formações vegetais actualmente existentes são de salientar, pela sua importância, os carvalhais de carvalho cerquinho – espécie que só se encontra na Península Ibérica e Norte de África e tem o seu centro de distribuição em Portugal - onde os melhores bosques desta espécie se encontram entre o Mondego e o Tejo, uma zona de carvalho negral e zonas muito limitadas de azinheira, de sobreiro, de ulmeiros e de castanheiros. Fundamentalmente pela acção do Homem a floresta foi sendo destruída dando origem ao aparecimento de matos de grande interesse florístico predominando, em termos de vegetação espontânea, áreas arbustivas de carrasco e subarbustivas de alecrim.
Árvores, arbustos e ervas, que crescem espontâneas no Parque, são em si mesmo, um alvo de conservação. Até hoje conhecem-se cerca de seiscentas espécies vegetais o que significa que numa área de cerca de 39000 hectares é possível observar cerca de um quinto das espécies vegetais que ocorrem em Portugal. Algumas só existem em Portugal, outras na Península Ibérica ou então na Península e Norte de África e outras ainda possuem uma área de distribuição ou um estatuto de raridade, que lhes conferem uma situação especial em termos de conservação da natureza.
Para além da importância que a função das plantas desempenham nos ecossistemas e do seu potencial valor económico e científico, muitas plantas do Parque Natural têm qualidades medicinais, aromáticas, condimentares, ornamentais, forrageiras ou florestais.




A Fauna

A sobreposição e existência de um grande número de biótopos conferem à área do PNSAC uma riqueza faunística assente, essencialmente, na existência de uma diversidade assinalável de espécies, nomeadamente no que se refere aos vertebrados. Assim, encontra-se já inventariado um total de 204 espécies das quais 136 são aves, 38 mamíferos, 17 répteis e 13 anfíbios.
Podem-se referir, por exemplo, o gato-bravo, a geneta, a raposa, a doninha, o texugo, a cobra-de-pernas-tridáctila, a víbora-cornuda, as cobras-de-água, várias espécies de salamandras e tritões, etc.
As aves são o grupo com maior número de representantes nesta Área Protegida, sendo conhecidas mais de cem espécies que aqui nidificam. Algumas são mesmo importantes no contexto nacional como o bufo-real ou a gralha-de-bico-vermelho.
O meio subterrâneo tem, neste Parque Natural, grande significado. Nas suas numerosas grutas abrigam-se uma infinidade de seres vivos, de que se destacam cerca de dez espécies de morcegos cavernícolas
.


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Parque Natural do Douro Internacional

A Flora

A vegetação natural do Douro Internacional marca presença em todo o seu esplendor nas encostas do rio Douro, revestindo as arribas do Douro de bosques endémicos de zimbro dominados maioritariamente por zimbros (Juniperus oxycedrus) e por azinheiras (Quercus rotundifolia), que penetram pelos vales dos afluentes do Sabor e do Águeda.

Na zona de planalto temos uma conjugação entre os locais mais temperados com carvalhais de carvalho-negral (Quercus pyrenaica) e em zonas marcadamente mediterrânicas, azinhais e sobreirais (Quercus suber) com zimbros. Este riquíssimo património natural pode ainda contar com os bosques de lódão-bastardo (Celtis australis) nas encostas mais húmidas do Douro e afluentes, como é o caso da ribeira do Mosteiro e ribeira da Sapinha.

Nos afluentes mais a norte, como o Fresno e tantos outros que desaguam directamente no Douro, podem observar-se cortinas bem conservadas de salgueirais de Salix atrocinerea, S. neotricha, S. erytroclados e S. salvifolia, bem como amieiros (Alnus glutinosa) e choupos (Populus nigra var. betulifolia), num mosaico singular de lameiros compartimentados por sebes de freixos (Fraxinus angustifolia), carvalhos, trepadeiras, silvados, roseiras, madressilvas. Estes lameiros contam com a presença de vários endemismos, orquídeas, narcisos e muitas outras bulbosas, suportando uma assinalável diversidade de espécies e habitats particulares. Os rios e ribeiros são delineados por ranúnculos-de-água.

Em espaços reduzidos e muito fragmentados ao longo do leito de cheias rochoso do Douro podemos observar a magnífica Aphyllanthes monspeliensis acompanhada pela Petrorhagia saxifraga, Peucedanum officinalis, Centaurea ornata, Dianthus marizii, a endémica Silene boryii subsp. duriensis, Allium schmitzii, Coronilla minima, Galega officinalis, Piptatherum paradoxum, Scorzonera crispatula, Anthericum liliago, Silene micropetala, Sideritis danielii, Avenula bromoides, Galium fruticescens, Fumana ericifolia, Linum austriacum, Plantago sempervirens, Narcissus jonquilla e Globularia vulgaris que se estendem, apesar de fragmentadas pelas barragens, até ao concelho de Mogadouro.

Em Bemposta (Mogadouro) esta diversidade é enriquecida pela introdução de comunidades de vegetação não nitrófila de areias de leitos de cheias do Douro, enquadráveis na associação fitossociológica Malcolmietalia com um elenco particular como Loeflingia hispanica, Malcolmia triloba subsp. patula, Linaria bipunctata, Plantago albicans, Pistorinia hispanica e outras. Destaque ainda para os endemismos durienses Isatis platyloba, Stipa lagasca, Antirrhinum lopesianum, e Viola suavis, esta última em leitos de cheias rochosas do Douro.

Nas cascalheiras grosseiras do rio Douro, no concelho de Mogadouro, em ambientes de extrema instabilidade natural provocada pelas cheias do Douro, podemos observar espécies como Andryala ragusina, Lactuca viminea subsp chondrilliflora e Rumex induratus. A Linaria coutinhoi, endémica do nordeste transmontano, também pontua este concelho de Mogadouro, estendendo a sua presença até Freixo de Espada à Cinta. Neste último concelho localiza-se ainda um paleoendemismo Cosentinea vellea, que em associação com Convolvulus silicus enriquece os azinhais mediterrânicos xistosos que colonizam as vertentes mais acidentadas por entre as quintas e herdades da região demarcada do Douro.

Na Margem do Douro, imediatamente a jusante da barragem de Saucelle, podem observar-se salgueirais endémicos de Salix purpurea subsp. lambertinana. Também a presença de Salix triandra var. amygdalina, dada para Barca d’Alva junto ao Douro, realça bem a diversidade de espécies de salgueiros que o Douro alberga ao longo de todo o seu percurso. Ao longo das margens do Douro também podemos observar as tamargueiras Tamarix africana e os choupais autóctones de Populus nigra var. betulifolia.

A sul do território, concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, também a vegetação característica de leitos de cheia rochosos, desta vez do Águeda, são de elevada importância para a conservação da natureza com comunidades dominadas por Bufonia macropetala, Anarrhinum duriminum, Petrorhagia saxifraga, Allium schmitzii, Allium oleraceum, entre outras.

Em todo o Douro Internacional é possível observar a presença de outro emblemático endemismo característico de taludes mais húmidos das arribas do Douro, a endémica gramínea Holcus setiglumis subsp. duriensis.



Fauna

Relativamente à fauna de vertebrados silvestres, existem 250 espécies, sendo 35 de mamíferos, 170 de aves, 20 de répteis, 11 de anfíbios e 14 de peixes. A fauna de invertebrados é também diversificada mas ainda muito desconhecida.

É possível consultar alguns trabalhos já efectuados sobre a fauna do PNDI acedendo à página da Biblioteca Digital.

Aves
A avifauna é o grupo de maior representatividade nesta área, pela elevada diversidade e pela ocorrência de várias espécies ameaçadas, que guardam aqui uma importante parcela das suas populações nidificantes a nível nacional e ibérico. Das 170 espécies registadas, 126 são nidificantes, podendo considerar-se 4 grupos principais, as aves rupícolas, as aves florestais, as aves estepárias e as aves aquáticas.

As aves rupícolas são as mais emblemáticas deste território, concentrando-se aqui uma grande percentagem dos efectivos nacionais de algumas das espécies mais ameaçadas, tais como a Cegonha-preta (Ciconia nigra), Abutre do Egipto (Neophron percnopterus), Grifo (Gyps fulvus), Águia-real (Aquila chrysaetos), Águia de Bonelli (Hieraaetus fasciatus), Falcão-peregrino (Falco peregrinus), Bufo-real (Bubo bubo), Andorinhão-real (Apus melba), Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) e Chasco-preto (Oenanthe leucura).

Outras aves também observadas nestas zonas são os Melros-azuis (Monticola solitarius), Gralhas-de-nuca-cinzenta (Corvus monedula), Corvos (Corvus corax), Andorinhas-das-rochas (Ptyonoprogne rupestris) e Pombos-das-rochas (Columba livia).
Das aves florestais observáveis podemos destacar a presença do Milhafre-real (Milvus milvus), espécie muito ameaçada que possui um efectivo populacional importante nesta área, o Açor (Accipiter gentilis), o Milhafre-preto (Milvus migrans), a Felosa de Bonelli (Phylloscopus bonelli) e o Mocho-de-orelhas (Otus scops).

Nos terrenos de cultura cerealífera podemos encontrar aves estepárias tais como o Sisão (Tetrax tetrax), o Alcaravão (Burhinus oedicnemus), a Calhandra (Melanocorypha calandra), a Calhandrinha (Calandrella brachydactyla) e o Tartaranhão-caçador (Circus pygargus), espécie ameaçada que sobrevoa os campos de cereal na busca de alimento. No inverno, estes campos são o local de hibernação de várias espécies, em particular da Petinha-dos-campos (Anthus campestris).

As aves aquáticas ocupam os planos de água existentes no Território, podendo encontrar-se nestes biótopos várias espécies de patos e o Mergulhão-de-crista (Podiceps cristatus), nidificante habitual na barragem de Stª Maria de Aguiar.


Mamíferos
O mosaico de habitats (lameiros rodeados por sebes arbóreas, terrenos de cereal, vinhedos, etc.) que caracteriza a zona do planalto, constitui locais de refúgio para numerosas espécies de mamíferos das quais se destacam o lobo (Canis lupus), o Corço (Capreolus capreolus), o Gato-bravo (Felis silvestris), o Rato de Cabrera (Microtus cabrerae) e o Javali (Sus scrofa).

Existem também importantes colónias, tanto de hibernação como de criação, de morcegos cavernícolas (muitos dos quais ameaçados) em minas abandonadas e nos túneis das barragens.


Répteis e Anfíbios
No PNDI ocorre um elevado número de espécies deste grupo, do total presente em Portugal e na Península Ibérica. São de referir, pelo seu estatuto de ameaça o Cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis)  e a Víbora-cornuda (Vipera latastei).


Peixes
O grupo das espécies de peixes presentes na área do PNDI sofreu, nas últimas décadas, alterações no seu número e composição, sendo actualmente constituído por 14 espécies, entre elas a Panjorca (Chondrostoma arcasii, em Perigo), o Barbo-comum (Barbus bocagei), Boga do Norte (Chondrostoma duriense) e o Escalo do Norte (Squalius carolitertii).


Invertebrados
Os invertebrados são o grupo faunístico menos conhecido, apesar de o PNDI ter sido alvo de um estudo recente sobre este grupo alargado de animais, realizado pelo CIBIO - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, no âmbito de um protocolo com o ICNB, que financiou o projecto, com comparticipação de fundos comunitários.

Actualmente são conhecidas algumas centenas de espécies de diversos grupos de Insectos, nomeadamente, Coleópteros (escaravelhos, carochas e besouros), Colêmbolos, Dermápteros (tesourinhas ou bichas-cadelas), Dípteros (moscas e mosquitos), Himenópteros (vespas e abelhas), Lepidópteros (borboletas e traças), Odonatos (libélulas e libelinhas) e Ortópteros (gafanhotos, grilos e saltões).

Para além dos Insectos, a fauna de Invertebrados registada do PNDI engloba mais de duzentas espécies de Aracnídeos, incluindo aranhas, um escorpião e um solífugo. De salientar a recente descrição, da área do Parque, de algumas espécies de aranhas novas para a ciência. O relatório completo deste estudo pode ser consultado através do link no final da página.

Os crustáceos não foram abordados no trabalho acima referido, mas são de referir os lagostins, estando a espécie autóctone (Lagostim-de-patas-brancas Austropotamobius pallipes) considerada como extinta apesar de ter ocorrido até recentemente nesta área. O Lagostim-vermelho (Procambarus clarkii), originário dos Estados Unidos, tem vindo a expandir-se por toda a área.


Parque Natural do Alvão

Flora e vegetação

 A riqueza e a biodiversidade florística desta Área Protegida é expressa pela presença de diversas espécies de ecologia muito particular, endémicas, raras ou com estatuto de conservação e protecção elevado: a açucena-brava Paradisea lusitanica, o cravo-dos-alpes Arnica montana, o satirião-malhado Dactylorhiza maculata, o Teucrium salviastrum, a Genciana pneumonanthe, a Arenaria queroides, a Luzula sylvestris subsp. henriquesii ou a orvalhinha Drosera rotundifolia, entre outras.
    O carvalhal autóctone insere-se nos carvalhais galaico-portugueses apresentando vestígios das comunidades climáticas da aliança Quercion robori-pyrenacae. A importância destes bosques do ponto de vista botânico é notável pela biodiversidade que encerram.
    Nas áreas de maior influência atlântica, abaixo dos 600 m de altitude (andares colino-submontanos) e maior acidez de solos domina o carvalho-roble Quercus robur, formando associação com castanheiros Castanea sativa, pilriteiros Crataegus monogyna, azevinhos Ilex aquifolium, arandos Vaccinium myrtillus, gilbardeiras Ruscus aculeatus
ou linarias Linaria triornithophora.

    Nas encostas mais expostas, viradas a sul, surgem outras companheiras de ecologia mais termófila, mas de influência atlântica como sobreiro Quercus suber, medronheiro Arbutus unedo, loureiro Laurus nobilis ou lentisco Phyllirea angustifolia.

    Com o aumento da altitude e da influência continental, a composição florística dos carvalhais altera-se, surgindo bosques mistos de carvalho-roble Quercus robur e de carvalho- negral Quercus pyrenaica. Este forma novos tipos de associações, consoante a altitude, precipitação, exposição ou qualidade de solos com erva-molar Holcus mollis, arenara Arenaria montana, búgula Ajuga pyramidalis subsp. Meonantha, giesta-piorneira Genista florida, cerdeira Prunus avium ou com Omphalodes nitida, violeta Viola riviniana, erva-pombinha Aquilegia vulgaris subp. dichroa e anémona-dos- bosques Anemone trifolia subsp. albida. Evidenciando uma forte influência mediterrânica salientam-se bolsas em que Q. pyrenaica é acompanhado por tojo-gadanho Genista falcata, rosmaninho Lavandula stoechas subsp. pedunculata e trovisco Daphne gnidium, numa situação marginal.

    Os vidoeiros Betula alba testemunham a época da glaciação da Península Ibérica estando hoje representados em associação com os carvalhos ou acantonados em pequenos bosques vestigiais (vidoais), acompanhado por Saxifraga spathularis, Crepis lampsanoides, Holcus mollise urze-branca Erica arborea.

    A regressão das comunidades climácicas é bastante evidente, resultando a maior parte das formações arbustivas de etapas diversas da degradação dos carvalhais e vidoais. Assumem, contudo, grande importância para as comunidades rurais e sobretudo para certo tipo de fauna que encontra nela o seu habitat.

    Os giestais dominados por giesteira-das-vassouras Cytisus striatus e Genista florida e com Erica arborea constituem a primeira etapa de degradação dos carvalhais dos andares supra e mesomediterrânico, colino e montano. Nas orlas (ecótonos) dos carvalhais de maior altitude surgem matorrais dominados por Erica arborea e Genista falcata.

    Mais degradados e alterados pela acção do homem, vamos encontrar, em zonas de menor altitude e de forte influência atlântica, matos de composição e associações diferentes em que se destacam os tojais de tojo-molar Ulex minor e tojo-arnal U. europaeus, podendo aparecer com alguma expressão a torga Calluna vulgaris e matos baixos de urzais, carquejais e sargaçais com queiroga Erica umbellata, carqueja Chamaespartium tridentatum e sargaço Halimium lasianthum subsp. alyssoides, nas zonas de transição entre as regiões eurosoberiana e a mediterrânica.

    Nos matos altos, mas a grande altitude em solos bem drenados, com grande acumulação de matéria orgânica, podemos encontrar urzais-de-urgueira Erica australis e Erica umbellata. Ainda nestes andares em zonas de forte influência atlântica em depressões ou fundo de vales com fraca drenagem surgem urzais higrófilos de urze-peluda Erica tetralix, giesteira Genista micrantha, Genista anglica, junco Juncus squarrosus, Luzula campestris e Ulex minor.

    Nos cursos de água (rios e ribeiras), bem como nas suas beiradas húmidas adjacentes, levadas de rega tradicionais ou taludes encharcados e umbrosos, desenvolve-se uma associação vegetal típica, a vegetação ribeirinha ou ripícola, com importante função ao nível da estabilização das margens, segurando os solos e evitando a erosão. As espécies que a caracterizam são entre outras amieiro Alnus glutinosa, sanguinho Frangula alnus, freixo Fraxinus angustifolia, salgueiro Salix spp., Betula alba, urze-branca Erica arborea, feto-real Osmunda regalis ou feto-pente Blechnum spicant, para além de muitas hepáticas e musgos de enorme beleza.

    Os prados de lima abrem-se em extensas clareiras entre os carvalhais oferecendo um quadro paisagístico, biogenético e científico de grande valor pela presença de um conjunto rico e diversificado em espécies, algumas raras e ameaçadas.

    A preservação das formas e práticas agrícolas tradicionais, nomeadamente a utilização dos lameiros pelo gado bovino maronês e o corte dos fenos, proporcionam um certo equilíbrio nas sucessões vegetais favorecendo as condições ecológicas para o aparecimento destas e de outras espécies de extrema importância botânica. Torna-se assim importante apoiar estas formas de exploração da terra por parte das comunidades rurais de montanha.

    As formações arbóreas são caracterizadas pela presença dos carvalhais galaico-portugueses de carvalho-negral e carvalho- roble, vidoais e sobreirais. Matagais dominados por urzes, carquejas e sargaços.

    Florísticamente encontramos um conjunto importante de espécies tanto em habitats, com influência humana, quer naturais ou semi-naturais tais como o azevinho, o arando, a búgula, a anémona-dos-bosques ou a aquilégia.

    A intervenção do homem neste Parque tem determinado a manutenção e o equilíbrio entre as diferentes formas de vida da fauna selvagem. Esta atitude tem contribuído para a diversidade biológica ao serem criadas novas unidades ecológicas (biótopos), campos agrícolas, lameiros, sebes, etc., que se associam aos biótopos naturais.


Fauna

Destacam-se pela sua importância, em termos de conservação para a área protegida o lobo Canis lupus, o morcego-de-bigodes Myotis mystacinus, o morcego-de-franja Myotis nattereri, morcego-rabudo Tadarida teniotis, a águia-cobreira Circaetus gallicus, o falcão-peregrino Falco peregrinus, a petinha-ribeirinha Anthus spinoletta, melro-das-rochas Monticola saxatilis, o papa-moscas Ficedula hipoleuca, a gralha-de-bico-vermelho Pyrrhocorax pyrrhocorax ou o dom-fafe Pyrrhula pyrrhula.

    De um modo geral as espécies animais são típicas de determinados locais, estando ligadas mais a um ou outro biótopo, onde a sua actividade biológica mais se concentra, ou seja o seu habitat.
   
    O meio aquático (cursos de água e suas margens, charcos, zonas alagadiças, pequenos açudes e lagoas) suporta populações diversas de pequenos macroinvertebrados, como a libélula ou o alfaiate que alimentam toda uma cadeia trófica que aqui se inicia. Entre as diversas espécies de peixes presentes destaca-se a truta-marisca Salmo trutta, característica de troços mais torrenciais e mais montanhosos dos rios e ribeiras.
   
    Os anfíbios procuram nos charcos, zonas alagadiças, linhas de água, tanques, poços e locais mais húmidos e umbrosos, a água para se reproduzirem ou humedecerem a sua pele nua. Merecem destaque pela sua raridade ou abundância salamandra-lusitânica Chioglossa lusitanica, tritão-de-ventre- laranja Triturus boscai, rã-ibérica Rana iberica, rã-de-focinho-pontiagudo Discoglossus galgonoi, lagarto-de-água Lacerta schreiberi, cobras-de-água Natrix maura  e N. natrix.

    Certas aves procuram também as zonas ribeirinhas para seu habitat: galinhola Scolopax rusticola, narceja Gallinago gallinago, alvéolas Motacila flava e M. cinerea, o melro-de-água Cinclus cinclus ou o pica-peixe Alcedo athis. A toupeira-de-água Galemys pyrenaicus e a lontra Lutra lutra são mamíferos que também aqui encontram as frescas e límpidas águas da montanha.
   
    Os carvalhais constituem um biótopo importante para a sobrevivência de muitas espécies, encerrando um potencial em biodiversidade elevado.

    Também assumem particular importância os povoamentos florestais de resinosas, os bosques mistos e os antigos olivais abandonados.
   
    Nas aves, a rola Streptopelia turtur, a poupa Upupa epops, a trepadeira-azul Sitta europaea  ou o pica-pau-verde Picus viridis, podem ser encontrados a procurar pequenos insectos nos velhos carvalhos. O açor Accipiter gentilis e o gavião Accipiter nisus são rapinas típicas deste meio, instalando o seu ninho e caçando na sua orla, assim como as nocturnas coruja-do-mato Strix aluco e mocho-galego Anthene noctua que escondidas no arvoredo aguardam pacientemente por algum leirão Eliomys quercinus que passe à sua frente. A águia-de-asa-redonda Buteo buteo, o tentilhão-comum Fringila coelebs, a estrelinha-de-cabeça-listada Regulus ignicapillus ou a tordeia Turdus viscivorus, ocupam tanto os bosques mistos (compostos de espécies de folha caduca e de folha persistente), como as matas de coníferas. Já o cruza-bico Loxia curvirostra e o bico-grossudo Coccothrausters coccothrautes preferem as matas puras de coníferas ricas em pinhas.
    Mais conspícuos e de hábitos muito específicos, certos mamíferos refugiam-se ou procuram o seu alimento neste meio. O corço Capreolus capreolus, o gato-bravo Felix silvestris, o esquilo Sciurus vulgaris e certos mustelídeos como o arminho Mustela erminea, a fuinha Martes foina, o toirão Mustela putorius, ou a geneta Genetta genetta, são disso exemplo.

    Os matos e matagais são também importantes biótopos onde uma variada fauna procura o seu habitat. Sendo áreas mais abertas oferecem menos refúgio, sendo mais utilizadas por répteis e aves e alguns mamíferos de menor porte. Sempre que um rasgo de sol penetra na atmosfera é imediatamente procurado pelo sardão Lacerta lepida, pelas lagartixas Podarcis bocagei  e P. hispanica ou ainda pela cobra-bordalesa Coronella girondica e pela cobra-rateira Malpolon monspessulanus. Nidificando no chão ou nos pequenos arbustos deste biótopo encontram-se a águia-caçadeira Circus pygargus, o tartaranhão-azulado Circus cyaneus, a felosa-do-mato Sylvia undata, o cartacho-preto Saxicola torquata, a ferreirinha Prunella modularis, o picanço-real Lanius excubitor e as petinhas Anthus spp.

    As escarpas, falésias ou encostas declivosas de montanha são bastante utilizadas pela andorinha-das-rochas Ptyonoprogne rupestris e pelo andorinhão-preto Apus apus, que em pleno voo captura os insectos de que se alimenta. Também o peneireiro-de-dorso-malhado Falco tinnunculus, o mocho-real Bubo bubo, o melro-azul Monticola solitarius e o corvo Corvus corax, utilizam este biótopo.
A osga-comum Tarentola mauritanica instala-se nas fendas dos muros, paredes e nas velhas habitações de xisto nas zonas de fácies mais seco. Regista-se a presença de espécies da fauna típicas das serranias do norte interior com algumas espécies raras, ameaçadas ou únicas.


Parque Natural do Litoral Norte

A Flora

   A Flora é a base de qualquer ecossistema, constituindo dessa forma um elemento essencial na manutenção da homeostasia nas relações entre os seres vivos. O seu conhecimento permite prever o tipo de organismos que utilizam o estrato vegetativo nas suas actividades vitais, e dessa forma proteger habitats e espécies de maior interesse conservacionista.
 O Litoral   A vegetação dunar apresenta características únicas em virtude das condições extremamente difíceis e agrestes onde ocorre. Assim, esta é muito singular devido às adaptações que ocorreram ao longo da evolução para ser possível suportar essas mesmas condições.A vegetação natural é de extrema importância na fixação de areias durante o processo de formação dunar. Na zona pré-dunar encontramos a eruca marítima (Cakile maritimum), e o cardo-marinho (Eryngium maritimum); na zona dunar, propriamente dita, encontra-se de novo o cardo-marinho, o feno-das-areias (Elymus farctus) o estorno (Ammophila arenaria), uma das espécies mais emblemáticas a nível da estabilização dunar, e ainda os cordeirinhos-da-praia (Otanthus maritimus). Na zona de transição para o mato pode observar-se o desenvolvimento do Cistus salvifolius. Observam-se também várias espécies exóticas, tal como o chorão (Carpobrotus edulis) e a acácia (Acacia longifolia), que foram introduzidas com o objectivo de fixar as areias dunares. A sua expansão monopolizou a flora existente, empobrecendo assim a biodiversidade. Em muitas áreas teve como consequência a eliminação total ou parcial da vegetação natural.



Os Pinhais   Mais para o interior, surgem os povoamentos de pinheiro (Pinus pinea e/ou Pinus pinaster) que devido ao avanço do mar se encontram com graves problemas relacionados com a salinização dos lençóis freáticos. As maiores manchas de pinhal no sistema dunar podem ser observadas na zona da Apúlia e Fão, predominando, quase exclusivamente, o Pinheiro bravo (Pinus pinaster).
Nas zonas de pinhal surgem áreas de Florestas ripícolas de Alnus glutinosa e Carvalhal onde podemos encontrar espécies como o Carvalho roble (Quercus robur), Sobreiro (Quercus suber), Loureiro (Laurus nobilis), Amieiro (Alnus glutinosa) ou Pilriteiro (Crataegus monogyna). 

Os Estuários   Nos estuários, a mistura de água doce do rio e com a água salgada do oceano provoca a ocorrência de deposição de sedimentos que permite o desenvolvimento de vegetação aquática específica.
Nas zonas húmidas ribeirinhas de sapais e salgados, onde as marés e os níveis de salinidade são determinantes, verifica-se a predominância de espécies adaptadas ao sal, chamadas halófitas. No “alto sapal”, mais longe da linha de água ou nos taludes das marinhas, domina a salgadeira (Atriplex halimus); mais abaixo surgem as gramatas Salicornea europaea, Sarcocornia ramosissima e Halimione portucaloides e finalmente pode surgir, na zona que fica submersa com as marés, a
Spartina maritimaOs prados salgados e os matos halófitos são os habitats que ocorrem em maior abundância, em especial no rio Cávado, onde surgem espécies como o junco (Juncus acutus) e a Arméria (Armeria marítima).


Fauna






Herpetofauna

No PNLN estão referenciadas 9 espécies de anfíbios. Destas 9 espécies, 44% constam do Anexo II da Convenção de Berna: Rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi), Sapo-de-unha-negra (Pelobates cultripes), Sapo-corredor (Bufo calamita) e Rela (Hyla arborea).
A Rã-de-focinho-pontiagudo, provavelmente com uma distribuição localizada no PNLN, é um endemismo ibérico e consta do Anexo II da Directiva Habitats. Esta espécie, foi encontrada em depressões húmidas intradunares (charcos temporários) onde se confirmou a sua reprodução.
As restantes espécies em geral são espécies comuns no PNLN, estando presentes sobretudo nos charcos, zonas alagadiças e linhas de água/valas, ou seja, locais importantes para a sua reprodução, havendo casos como o Sapo-comum (Bufo bufo) e o Sapo-corredor que, fora da época reprodutora, ocorrem um pouco por todos os biótopos do Parque, incluindo os mais afastados dos corpos de água.

Em relação aos répteis, estão referenciadas 7 espécies. No entanto, segundo as descrições do corpo de vigilantes do PNLN é muito provável a ocorrência de pelo menos mais 1 espécie: Lagartixa-ibérica (Podarcis hispanica).
Do conjunto de espécies de ocorrência confirmada, 2 constam do Anexo II da Convenção de Berna: Sardão (Lacerta lepida) e Lagarto-de-água (Lacerta schreiberi). De entre esta comunidade destaca-se o Lagarto-de-água (endemismo ibérico protegido ao abrigo da Convenção de Berna que consta também do Anexo II da Directiva Habitats) e a Lagartixa de Bocage (endemismo ibérico).



Ictiofauna

A Orla costeira do PNLN apresenta uma grande diversidade ictiológica sendo rica em espécies de elevado valor comercial
A fauna piscícola está representada dentro dos limítes desta área com 93 espécies. Destas, 4 estão incluídas como espécies ameaçadas do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, 3 na Directiva Habitats e 7 nos anexos da convenção de Genebra.

Na zona estuarica as espécies piscícolas são várias, das quais se destacam a Enguia (Anguilla anguilla), Lampreia (Petromyzon marinus), Savelha (Alosa fallax), Sável (Alosa alosa) e as tainhas (Liza ramada e Liza aurata).

Na área marinha a biodiversidade de espécies piscícolas é elevada, apresentam-se aqui as especies mais relevantes para a conservaçao no PNLN, quer pelo seu estatuto de protecção, representatividade das populações nesta área ou pela pressão antropogénica de que são alvo, nomeadamente da pesca: o Robalo (Dicentrarchus labrax), o Sargo (Diplodus sargus), o Congro (Conger conger), a Solha (Pleuronectes platessa) e a Faneca (Trisopterus luscus).

 Avifauna
No PNLN estão referenciadas, para a área terrestre, 142 espécies de Aves, sendo que o número total de espécies observadas com regularidade no PNLN é de 115.

Esta diferença de valores deve-se ao facto de muitas das espécies referenciadas serem espécies que apenas ocorrem no PNLN de forma muito ocasional, nomeadamente em épocas de migração e em números muito reduzidos (um ou dois indivíduos) pelo que o PNLN não é importante para a conservação das suas populações. Entre elas contam-se a Garça-vermelha (Ardea purpurea), o Colhereiro (Platalea leucorodia), o Ostraceiro (Haematopus ostralegus), o Ganso-bravo (Anser anser), o Alfaiate (Recurvirostra avosetta) e o Milhafre-preto (Milvus migrans), entre outras.
Embora a diversidade avifaunística existente no Parque não seja de todo excepcional, ocorrem aqui 14 espécies (12% do total) com estatuto de ameaça: Mergulhão-de-pescoço-preto (Podiceps nigricollis), Corvo-marinho-decrista (Phalacrocorax aristotelis), Açor (Accipiter gentillis), Águia-sapeira (Circus aeruginosus), Águia-pesqueira (Pandion haliaetus), Seixoeira (Calidris canutus), Perna-verde (Tringa nebularia), Maçarico-das-rochas (Actitis hypoleucos), Carajau (Sterna sandvicensis), Andorinha-do-mar-comum (Sterna hirundo), Bufo-pequeno (Asio otus), Noitibó (Caprimulgus europaeus), Rouxinol-pequeno-dos-caniços (Acrocephalus scirpaceus) e Escrevedeira-dos-caniços (Emberiza schoeniclus).
Destas, 6 encontram no PNLN condições favoráveis à sua nidificação: Águia-sapeira e Bufo-pequeno com nidificação possível, Rouxinol-pequeno-dos-caniços e Açor com nidificação provável, Noitibó e Escrevedeira-dos-caniços com nidificação confirmada.
As restantes são espécies invernantes na área. Além deste interessante conjunto de espécies, o PNLN apresenta ainda uma interessante comunidade de aves limícolas invernantes as quais estão sobretudo associadas à foz do rio Cávado e orla costeira. Entre elas destaca-se a presença regular, entre outras, de Borrelho-grande-de-coleira (Charadrius hiaticula), Borrelhode-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus), Tarambola-cinzenta (Pluvialis squatarola), Seixoeira (Calidris canutus), Pilrito-d’areia (Calidris alba), Pilrito-comum (Calidris alpina), Maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa) e Maçarico-galego (Numenius phaeopus).
Ao estuário está também associada a presença, sobretudo no período invernal, de várias espécies de anatídeos, nomeadamente: Piadeira (Anas penelope), Marrequinha (Anas crecca), Pato-real (Anas platyrhynchos) e Pato-trombeteiro (Anãs clypeata).
Assim, no PNLN, e em particular na área estuarina, tal como acontece na generalidade das áreas húmidas do litoral, assiste-se a uma acentuada variação sazonal das espécies sendo evidente um empobrecimento de diversidade e abundância de aves no período reprodutor, uma vez que as límicolas e anatídeos, presentes durante o período de invernada, procuram outros locais para se reproduzirem. A zona do Estuário surge assim como uma importante área para alimentação e descanso durante a época das migrações e no Inverno.
Desta forma, o Estuário assume uma maior importância para as espécies migradoras de passagem e invernantes e não propriamente como local de nidificação sendo que,
a este nível, do conjunto de aves limícolas aqui presentes apenas o Borrelho decoleira- interrompida nidifica no PNLN.



Mamofauna
Para o PNLN estão referenciadas 11 espécies de mamíferos sendo aqui notória a falta de trabalho de campo ao nível do recenseamento deste grupo.
Tendo por base as características do habitat e algumas descrições efectuadas pela equipa de vigilantes do PNLN, é de prever a ocorrência de um conjunto mais diversificado de espécies, nomeadamente ao nível dos micromamíferos. Assim considera-se como de ocorrência potencial na área um conjunto adicional de 8 espécies.
No total espera-se que no PNLN ocorram pelo menos 19 espécies de mamíferos das quais 8 são potenciais.
Relativamente ao interesse conservacionista deste grupo destaca-se a presença confirmada de Lontra (Lutra lutra) a qual consta do Anexo II da Directiva Habitats e ocorre nas principais linhas de água do Parque: Rio Neiva, Estuário do Cavado e Ribeiro do Peralta.
De referir ainda a presença confirmada de Toirão (Mustela putorius) e a presença potencial do Musaranho-anão-de-dentes-vermelhos (Sorex minutus), Musaranho-de dentes-vermelhos (Sorex granarius) e Musaranho-de-dentes-brancos (Crocidura russula) todos com estatuto de «Insuficientemente Conhecido»