quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina

A Flora



A flora do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina distribui-se por três tipos de ambientes geomorfológicos:

• barrocal ocidental, no planalto vicentino a sul, com vegetação típica de solos calcários, uma zona de clima seco e quente;
• planalto litoral, com vegetação mais diversificada, nas dunas, charnecas e áreas alagadiças, uma zona fresca e húmida;
• serras litorais e barrancos, com densa vegetação arbórea e arbustiva típica das zonas húmidas das ribeiras.
Ao longo do Parque ocorre uma mistura de vegetação mediterrânica, atlântica e norte-africana, com predominância para a primeira. Existem cerca de 750 espécies, das quais mais de 100 são endémicas, raras ou localizadas; 12 não existem em mais nenhum local do mundo. Na área do parque encontram-se espécies consideradas vulneráveis em Portugal, assim como também diversas espécies protegidas na Europa.
Entre os endemismos há, por exemplo, plantas como Biscutella vicentina, Centaurea vicentina, Cistus palhinhae, Diplotaxis vicentina, Hyacinthoides vicentina, Plantago almogravensis, Scilla vicentina. Outras espécies são consideradas raras, como a Myrica faya (samouco), a Sorbus domestica (sorveira) ou a Silene rothmaleri.

A actividade agrícola, na parte norte do Parque Natural, zona do perímetro de rega do Mira, é intensiva contribuindo para a ameaça de muitas das espécies de flora. Esta mesma actividade agrícola já provocou a extinção de plantas como a
Armeria arcuata.As espécies arbóreas naturais na área do parque são dominadas por quercíneas, como o Quercus suber (sobreiro), o Quercus faginea (carvalho-cerquinho) e o Arbutus unedo L. (medronheiro), existentes fundamentalmente nas encostas dos barrancos.

As espécies arbóreas não indígenas são, dominantemente, o Pinus pinaster (pinheiro-bravo) e o Eucaliptus globulus (eucalipto).



A Fauna

A fauna das arribas
É no domínio da avifauna que as arribas marítimas assumem importância particular pelo elevado número de espécies que aí procriam. Podemos aí destacar o Guincho ou Águia-pesqueira (Pandion halietus) que utiliza esta costa rochosa como local de nidificação. Sendo uma ave de rapina que possui uma alimentação especializada em peixes, tem a característica de ter as patas cobertas com escamas rugosas. A sua plumagem oleosa permite-lhe ter um grau de impermeabilização importante para os seus mergulhos.

A Águia-de-Bonelli (Hieraaetus fasciatus) é outra espécie que utilizava as arribas marítimas da costa como local de nidificação. A elevada perturbação provocada pelos pescadores à linha durante o fim do inverno e primavera tem impedido a reocupação dos locais de onde desapareceu recentemente.
Outra ave residente que utiliza as concavidades das arribas e ninhos antigos de outras espécies para nidificar é o Falcão peregrino (Falco peregrinus). É uma ave grande e robusta que é possível observar junto às escarpas , cujo voo atinge velocidades de trezentos e sessenta quilómetros por hora quando pica sobre uma presa.

Podemos encontrar muitas outras aves residentes nas arribas marítimas entre as quais o Peneireiro-comum (Falco tinnunculus) que se distingue pelo seu comportamento em vôo em que permanece no mesmo local batendo as asas rapidamente antes de picar sobre as suas presas, e também o Peneireiro-das-torres ou Francelho (Falco naumanni) que nidifica em colónias nas arribas.
Os corvídeos, como a Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax), a Gralha-de-nuca-cinzenta (Corvus monedula).  O Corvo-marinho-de-crista (Phalacrocorax aristotelis) que se distingue no seu vôo com o pescoço esticado e um rápido batimento de asas.

Uma das espécies mais comuns nesta costa de arribas marítimas é a Cegonha-branca (Ciconia ciconia). Normalmente, nidificam em árvores ou prédios velhos, mesmo em postes de electricidade mas – em situação única no mundo – é aqui que encontrarmos os seus ninhos alcandorados num aparente equilíbrio periclitante. No entanto, estão bem seguros e firmes, sobre as arribas marítimas ou em rochedos junto à costa: os palheirões. A explicação foi a inexistência local até algumas décadas atrás de construções ou árvores altas que oferecessem abrigo face aos predadores. Só os palheirões – verdadeiras ilhotas isoladas no meio do mar – ofereciam a segurança necessária para a criação de uma prole.



Aves migratóriasNão será demais assinalar o magnífico espectáculo a que podemos assistir todos os anos, no início do Outono, junto ao cabo de S. Vicente. A chegada pela aurora de milhares de aves migradoras (passeriformes) recortadas no céu, vindas dos confins do Norte da Europa e que daqui partem feita noite estrelada,  fazendo-se aos céus mar dentro, rumo às longínquas terras do Sul, de África. Elas são, entre tantas outras, o pisco-de-peito-azul (Luscinia svecica), o papa-moscas-preto (Ficedula hypoleuca) e o papa-amoras-comum (Sylvia communis).  Mas também podemos encontrar aves marinhas e costeiras, em trânsito migratório como o alcatraz (Sula bassana) e a andorinha-do-mar (Sterna hirundo) ou aves de rapina como a águia-calçada (Hieraaetus pennatus) que contráriamente aos passeriformes são migradores diurnos e, esporadicamente, mesmo o falcão-da-rainha (Falco eleonorae) ou o búteo-mouro (Buteo rufinus).


Fauna terrestre
De destacar, ainda, quanto à fauna terrestre, a lontra (Lutra lutra) que se abriga nas arribas marítimas e barrancos adjacentes e, caso raro na Europa, utiliza o meio marinho para realizar as suas pescarias.
Encontramos nesta costa e nas suas áreas limítrofes muitas outras espécies da fauna terrestre, entre os quais os texugos (Meles meles), os sacarrabos ( Herpestes ichneumon ), as fuínhas (Martes foina ).

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