A Flora
As condições de formação e a dinâmica geomorfológica das dunas revelam que estas são estruturas instáveis. A proximidade do mar actua como factor fortemente selectivo na instalação e crescimento da sua vegetação. Aparentemente simples, este meio é, na realidade, deveras complexo e precário. Não é por acaso que, no lado virado ao mar, se observa tão grande pobreza florística: as plantas costeiras estão sujeitas a ventos fortes carregados de partículas de sal, a luminosidades excessivas, a amplitudes térmicas que vão do sol escaldante do verão ao frio cortante do inverno. Isto provoca apreciável transpiração na planta, o que, conjugado com a grande permeabilidade do solo dunar, que deixa infiltrar rapidamente a água que nele cai, irremediavelmente a condena a um ambiente hostil de xerofitismo, ou seja, a um ambiente em que prevalecem as condições de secura. A esta é preciso resistir, para sobreviver. E, na verdade, as plantas psamófitas, que vivem nas areias, sobrevivem porque desenvolveram adaptações mais ou menos profundas que impedem sobretudo as perdas excessivas de água. Todavia, não é só contra a dessecação que a planta luta; ela tem também que fazer frente ao soterramento, quando os ventos fortes ou constantes, vindos do mar, empurram as areias da praia para o interior.
A primeira duna que se nos depara, chamada anteduna ou duna avançada, relativamente baixa e bastante instável, mostra, na parte virada ao mar e quase ao limite superior das marés, uma associação de Cakile maritima Scop. e Salsola kali L.; já mais para o topo, Elymus farctus (Viv.) RUNEMARCK EX MELDERIS e, por vezes, Euphorbia paralias L. e E. peplis L. A vegetação nesta estreita faixa está muito espaçada e o vento movimenta facilmente as areias, que arrasta para o interior; não obstante a curta distância transposta, o novo local onde elas se depositam é mais acolhedor, sofre menos severamente os efeitos do vento e a aragem chega lá menos salgada. Criam-se condições, se não favoráveis, pelo menos mais favoráveis para a fixação de outras plantas; por sua vez, estas vão, por modos diversos, reter mais areias. Juntamente com Elymus farctus surge agora a outra grande edificadora de dunas e pioneira na sua colonização: Ammophila arenaria (L.), vulgarmente chamada estorno.
Atingido o topo podem encontrar-se Calystegia soldanella (L.) R. BR., cujas sementes, bastante pesadas, se enterram facilmente, desta forma compensando factores adversos à sobrevivência da espécie, Lotus creticus L., Eryngium maritimum L., Crucianella maiítima L. Pancratium maritimum L., a par com Ammophila arenaria que, aliás, cresce um pouco por todo o lado, em povoamentos mais ou menos densos, conforme a área em que se estabeleceu.
Na face interior desta duna e no interdunar que se lhe segue, em terreno já definitivamente fixado, ao lado de algumas das espécies já citadas outras se vêm juntar à lista de psamófitas: Helichrysum italicum (ROTH) G. DON FIL., Pseudorlaya pumila (L.) GRANDE, Thymus carnosus BOISS., Armeria pungens (LINK) HOFFMANNS. & LINK, Artemisia campestris L. subsp. maritima ARCANGELI, Anthemis maritima L., Corynephorus canescens (L.), BEAUV., Linaria lamarckii ROUY e L. pedunculata (L.) CHAZ., Reichardia gaditana (WILLK.) COUT. ou Silene nicaeensis ALL., isto para mencionar apenas as mais abundantes ou conspícuas. Não será demais salientar que Thymus carnosus é um endemismo português, quer dizer, esta planta existe exclusivamente em Portugal e, aqui, somente no Alentejo, e Algarve. É aquele pequeno tufo verde escuro, de porte amoitado, que, mais do que qualquer outra planta das dunas, quando esmagado deixa à sua volta um intenso e agradável perfume um tanto semelhante ao da lavanda.As areias fixadas do interdunar oferecem boas condições para o crescimento de prostradas, de sistema radicular bastante curto, folhas em regra pequenas, que se espalham em amplas manchas arredondadas. São exemplos Paronychia argentea LAM., Ononis variegata L., Medicago littoralis LOISEL., Polygonum maritimum L. ou Hypecoum procumbens L., outra espécie que ocorre apenas no Algarve. No limite para o sub-bosque salientam-se Anagallis monelli L., bonita prostrada de flores intensamente azuis, Linaria spartea (L.) WILLD., Scrophularia frutescens L., Cleome violacea L., Corrigiola littoralis L., Aetheorhiza bulbosa (L.) CASS. e Pycnocomon rutifolium (VAHL) HOFFMANNS. & LINK, esta também confinada ao Algarve e alguns poucos mais locais da Europa mediterrânica.
A primeira duna que se nos depara, chamada anteduna ou duna avançada, relativamente baixa e bastante instável, mostra, na parte virada ao mar e quase ao limite superior das marés, uma associação de Cakile maritima Scop. e Salsola kali L.; já mais para o topo, Elymus farctus (Viv.) RUNEMARCK EX MELDERIS e, por vezes, Euphorbia paralias L. e E. peplis L. A vegetação nesta estreita faixa está muito espaçada e o vento movimenta facilmente as areias, que arrasta para o interior; não obstante a curta distância transposta, o novo local onde elas se depositam é mais acolhedor, sofre menos severamente os efeitos do vento e a aragem chega lá menos salgada. Criam-se condições, se não favoráveis, pelo menos mais favoráveis para a fixação de outras plantas; por sua vez, estas vão, por modos diversos, reter mais areias. Juntamente com Elymus farctus surge agora a outra grande edificadora de dunas e pioneira na sua colonização: Ammophila arenaria (L.), vulgarmente chamada estorno.
Atingido o topo podem encontrar-se Calystegia soldanella (L.) R. BR., cujas sementes, bastante pesadas, se enterram facilmente, desta forma compensando factores adversos à sobrevivência da espécie, Lotus creticus L., Eryngium maritimum L., Crucianella maiítima L. Pancratium maritimum L., a par com Ammophila arenaria que, aliás, cresce um pouco por todo o lado, em povoamentos mais ou menos densos, conforme a área em que se estabeleceu.
Na face interior desta duna e no interdunar que se lhe segue, em terreno já definitivamente fixado, ao lado de algumas das espécies já citadas outras se vêm juntar à lista de psamófitas: Helichrysum italicum (ROTH) G. DON FIL., Pseudorlaya pumila (L.) GRANDE, Thymus carnosus BOISS., Armeria pungens (LINK) HOFFMANNS. & LINK, Artemisia campestris L. subsp. maritima ARCANGELI, Anthemis maritima L., Corynephorus canescens (L.), BEAUV., Linaria lamarckii ROUY e L. pedunculata (L.) CHAZ., Reichardia gaditana (WILLK.) COUT. ou Silene nicaeensis ALL., isto para mencionar apenas as mais abundantes ou conspícuas. Não será demais salientar que Thymus carnosus é um endemismo português, quer dizer, esta planta existe exclusivamente em Portugal e, aqui, somente no Alentejo, e Algarve. É aquele pequeno tufo verde escuro, de porte amoitado, que, mais do que qualquer outra planta das dunas, quando esmagado deixa à sua volta um intenso e agradável perfume um tanto semelhante ao da lavanda.As areias fixadas do interdunar oferecem boas condições para o crescimento de prostradas, de sistema radicular bastante curto, folhas em regra pequenas, que se espalham em amplas manchas arredondadas. São exemplos Paronychia argentea LAM., Ononis variegata L., Medicago littoralis LOISEL., Polygonum maritimum L. ou Hypecoum procumbens L., outra espécie que ocorre apenas no Algarve. No limite para o sub-bosque salientam-se Anagallis monelli L., bonita prostrada de flores intensamente azuis, Linaria spartea (L.) WILLD., Scrophularia frutescens L., Cleome violacea L., Corrigiola littoralis L., Aetheorhiza bulbosa (L.) CASS. e Pycnocomon rutifolium (VAHL) HOFFMANNS. & LINK, esta também confinada ao Algarve e alguns poucos mais locais da Europa mediterrânica.
A Fauna
Muitas espécies de aves aquáticas migratórias, provenientes do Norte da Europa passam aqui o Inverno ou utilizam a Ria como ponto de escala na sua rota rumo a zonas mais meridionais. De entre as espécies invernantes mais relevantes podem destacar-se anatídeos como o Pato-real (Anas platyrhynchos), a Piadeira (Anas penelope), o Pato-trombeteiro (Anas clypeata), o Marrequinho-comum (Anas crecca) e o Zarro-comum (Aythya ferina) e das limícolas destacam-se o Borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus), o Borrelho-grande-de-coleira (Charadrius hiaticula), a Tarambola-cinzenta (Pluvialis squatarola), o Fuselo (Limosa lapponica), o Maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa), o Maçarico-real (Numenius arquata), o Alfaiate (Recurvirostra avosetta), o Perna-longa (Himantopus himantopus), o Pilrito-pequeno (Calidris minuta) e o Pilrito-comum (Calidris alpina).
Merece destaque a Galinha-sultana (Porphyrio porphyrio), espécie emblemática do Parque, que devido à crescente protecção e estudo desta espécie, os efectivos populacionais têm aumentado nos últimos anos.
Merecem também destaque a colónia de Garça-branca-pequena Egretta garzetta, tendo o Colhereiro Platalea leucorodia também nidificado em alguns anos; e as populações de Cegonha-branca Ciconia ciconia. A população de Andorinha-do-mar-anã Sterna albifrons, uma espécie em declínio na Europa, nidifica nas dunas e salinas da Ria Formosa, representa 40% dos efectivos totais populacionais de Portugal.
Merecem também destaque a colónia de Garça-branca-pequena Egretta garzetta, tendo o Colhereiro Platalea leucorodia também nidificado em alguns anos; e as populações de Cegonha-branca Ciconia ciconia. A população de Andorinha-do-mar-anã Sterna albifrons, uma espécie em declínio na Europa, nidifica nas dunas e salinas da Ria Formosa, representa 40% dos efectivos totais populacionais de Portugal.
Aves de rapina são pouco frequentes, mas durante as épocas de migração e no Inverno encontram-se a caçar por toda a área, Tartaranhões como o Tartaranhão-azulado Circus cyaneus e o Tartaranhão-caçador Circus pygargus; a Águia-de-asa-redonda Buteo buteo e vários Falcões como Falcão-peregrino Falco peregrinus e o Peneireiro-vulgar Falco tinnunculus. Assim como algumas rapinas nocturnas a Coruja-do-Nabal Asio flammeus, a Coruja-das-torres Tyto alba e a Coruja-do-mato Strix aluco.
É de salientar a importância da Ria no ciclo de vida de numerosas espécies de peixes, moluscos e crustáceos, principalmente como zona de reprodução e alimentação. As comunidades bênticas, com composição variando desde as espécies nitidamente marinhas a outras próprias do sistema lagunar, apresentam populações extremamente numerosas e, algumas das quais de interesse económico, caso da Amêijoa-boa Ruditapes decussatus, do Berbigão Cerastoderma edule e do Lingueirão Ensis siliqua. Da ictiofauna estão identificadas 65 espécies, que se dividem em sedentárias, ocasionais e as migradoras-colonizadoras; de entre estas, as de maior interesse económico contam-se a Dourada Sparus aurata, o Sargo Diplodus sargus, o Robalo Dicentratus labrax, o Linguado Solea senegalensis e a Enguia Anguilla anguilla.
É de salientar a importância da Ria no ciclo de vida de numerosas espécies de peixes, moluscos e crustáceos, principalmente como zona de reprodução e alimentação. As comunidades bênticas, com composição variando desde as espécies nitidamente marinhas a outras próprias do sistema lagunar, apresentam populações extremamente numerosas e, algumas das quais de interesse económico, caso da Amêijoa-boa Ruditapes decussatus, do Berbigão Cerastoderma edule e do Lingueirão Ensis siliqua. Da ictiofauna estão identificadas 65 espécies, que se dividem em sedentárias, ocasionais e as migradoras-colonizadoras; de entre estas, as de maior interesse económico contam-se a Dourada Sparus aurata, o Sargo Diplodus sargus, o Robalo Dicentratus labrax, o Linguado Solea senegalensis e a Enguia Anguilla anguilla.
Nos répteis há que salientar a ocorrência do Camaleão Chamaeleo chamaeleon, espécie ameaçado de extinção e cuja distribuição em Portugal está confinada ao litoral Sotavento do Algarve, nos pinhais da orla continental e nas ilhas-barreira.
Dos mamíferos existentes pode-se destacar a Lontra Lutra lutra, o Sacarabos Herpestes ichneumon, a Geneta Genetta genetta, a Fuinha Martes foina, o Texugo Meles meles e a Raposa Vulpes vulpes.
Dos mamíferos existentes pode-se destacar a Lontra Lutra lutra, o Sacarabos Herpestes ichneumon, a Geneta Genetta genetta, a Fuinha Martes foina, o Texugo Meles meles e a Raposa Vulpes vulpes.
Sem comentários:
Enviar um comentário